sexta-feira, 13 de maio de 2011

De proibida à praticada pela 'Melhor Idade'

Por Andréa Morais
A luta disfarçada em dança, que mistura cultura popular e música é de origem afrobrasileira, foi desenvolvida por escravos africanos trazidos para o Brasil.Segundo o professor de capoeira, Rodrigo Parente, há duas modalidades do esporte: a Capoeira Angola, que tem como representante, o Mestre Pastinha e a Capoeira Regional, representada pelo Mestre Bimba. Ainda, conforme Parente, a expressão popular foi proibida por lei em 1890, pelo então presidente da república Deodoro da Fonseca. Só foi liberada, em 1937, por Getúlio Vargas, que após assistir uma apresentação do Mestre Bimba e seus alunos, a decretou como Folclore Brasileiro.Em 1972 a capoeira foi considerada esporte, pelo Conselho Nacional de Desporto." A Capoeira é reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional - COI, como esporte praticado em mais de 51 países. Então, falta pouco para a capoeira ser mais uma modalidade Olímpica", concluiu Parente.
                                                                                                 Foto de Andréa Morais
Rodrigo Parente e Maurício de Oliveira, na academia Aguia Club

     
                                                                  Foto do arquivo pessoal de Rodrigo Parente
A ginga das alunas na academia Aguia Club, minsitrada por Rodrigo Parente
Os movimentos acrobáticos, utilizando os pés e as mãos, são ágeis e complexos.O que não impede de ser praticado por senhoras de 50 a 74 anos de idade -Você duvida? Eu também duvidei quando o Diretor Presidente e Professor de Karatê da Academia Aguia Club, Maurício Cardoso de Oliveira, me falou sobre o projeto "Sem capoeira eu não posso viver" realizado pelo grupo Terranossa, na mesma academia. Fui conferir isso de perto, lá em Bacaxá . Conversei com o professor Rodrigo Parente, graduado na capoeira há seis anos, e habilitado a dar aula pelo Mestre Cid, responsável pela Associação Terranossa. " A capoeira faz bem, porque o alongamento traz flexibilidade, e os exercícios trazem agilidade, coordenação motora, habilidade e preparação física, para qualquer idade", informou Parente.
                                                          Foto do arquivo pessoal de Rodrigo Parente
A esquiva lateral, movimento tradicional da capoeira

As alunas não desmentiram o professor. Marieta Rosa Evaristo, aposentada de 72 anos faz caminhada e pratica capoeira há 3 anos, duas vezes na semana: "Eu sou mais disposta, não tenho moleza para fazer o serviço de casa", confessou.Marieta iniciou os exercícios por recomendação médica, para controlar a diabetes: "Escolhi a capoeira e está fazendo muito bem para mim",concluiu. Atualmente,são 38 alunas, que jogam e tocam os instrumentos da capoeira.O projeto tem 4 anos. A aposentada, Elza Carvalho de Mello de 74 anos é uma das alunas, que fazem parte do projeto desde o início. Ela fazia curso de artesanato quando aceitou o convite do professor: "Eu tenho problema de artrose e artrite e a capoeira tem me ajudado muito. Até a pressão alta controlou". Ela confessou que o único exercício que tem dificuldade em fazer é a meia lua de compasso, por ter medo de cair. "Eu quero aprender e me sentir bem. A capoeira melhorou muito as minhas dores", falou.
                                                                 Foto do arquivo pessoal de Rodrigo Parente
Zilda em pé, fazendo meia lua e Marieta se esquivando
As amizades construídas é outro motivo, que faz as alunas serem fiéis aos exercícios -Pude conferir essa amizade, no dia em que estive na academia para fazer a matéria. Era aniversário do professor e organizaram uma festa. A animada dona de casa, Márcia Maria Teixeira Coimbra de 69 anos. Também está há 4 anos no grupo: "A gente brinca de capoeira", entregou. Ela acredita que qualquer exercício é bom para saúde, para mente e para pele."Você cria um grupo de amizades e é muito bom. Essas senhoras que não querem fazer estão perdendo",completou.  Márcia, ainda encontra tempo para várias atividades: "Faço crochê, pintura em tecido e em tela. Tenho as minhas obrigações em casa, mas não deixo de vir. É muito bom, não sei o que é preguiça",disse empolgada. 
                                                                                                   Foto de Andréa Morais
Confraternização dos alunos e alunas de capoeira no aniversário do professor
Energia é o que não falta para 'as meninas da capoeira', como carinhosamente, são chamadas por Parente. A aposentada Zilda Pereira Candeira de 59 anos. Gosta de praticar atividades inusitadas, para a sua idade. "Eu fazia aeroboxe. Hoje, ando de bicicleta, faço caminhada e capoeira", confessou. -Ufa!! Aja fôlego.E Olha, que ela faz isso tudo, mesmo, sofrendo com a osteoporose e a artrite, além de ser diabética. "Eu tenho problema de junta. Junta tudo e joga no lixo", brincou. Ela conta que levou dois meses para se adaptar com a troca da cidade do Rio pela de Saquarema: "Antes de entrar em depressão, encontrei a capoeira,  a aula de pintura e de corte e costura. Eu sou da geração mexa-se. O negócio é movimentar o corpo, a mente e a alma", completou.Depois de ver tanta disposição, nessas mulheres, entendi porque essa faixa etária é chamada de 'Melhor Idade'. Vamos aproveitar os conselhos de cada uma delas e deixar a preguiça de lado.

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