quinta-feira, 2 de abril de 2015

Meio Ambiente Com Foco Na Sustentabilidade

 Foto de Andréa Morais
Reciclagem de óleo beneficiará pescadores
Por Andréa Morais 
Do lixo ao luxo. Esse foi o tema que causou polêmica no desfile da Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis, em 1989, e lhe rendeu o vice-campeonato. Em 2015, a cidade de Iguaba Grande, inicia a implantação de uma usina de reciclagem. Esta ação mudará o conceito do lixo na cidade. E trará premiação em dinheiro pela  Lei do ICMS Verde . Administrada pela CoopClean (Cooperativa Central de Logística e Apoio á Natureza), a usina irá, inicialmente, transformar óleo de cozinha usado, em biodiesel. A coleta já está sendo feita nos restaurantes, bares, quiosques, escolas do município e em alguns Ecos-Pontos. Nos quais, os moradores podem deixar o óleo utilizado nas residências. E a previsão é de que, quando a usina estiver funcionando à todo vapor, a coleta seletiva de materiais secos será iniciada. Nessa etapa, será realizada uma seleção de materiais recicláveis, como: papel, papelão, alumínio e plástico. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Paulo da Paz, essa outra parte terá início, o mais breve possível: “Nós precisamos iniciar o quanto antes. A previsão é que esteja funcionando até o meio do ano”, informou. No momento, a usina está em fase de montagem e coleta dos óleos, para então, dar início aos testes de transformação do biodiesel, que será vendido a preço de custo, para os pescadores da cidade e de outros municípios.
Cooperativa
Foto de Andréa Morais
Os cooperados, Felipe da Silva, Euclides da Silva, Tainá Rodrigues e Janaína Marinho
De acordo com Vinícius Fonseca, diretor executivo da CoopClean , ela é uma cooperativa de catadores de reciclagem, que funciona há seis anos. E há sete meses tem contrato com a prefeitura de Iguaba Grande pra fazer a coleta de OGRS (óleos e gorduras residuais). Os óleos utilizados, nas lanchonetes, restaurantes, quiosques e escolas, são doados para cooperativa, que busca nos locais de 15 em 15 dias: “Temos uma meta a ser cumprida, de dois mil litros por mês”, disse. A Usina, que está sendo implantada, em Iguaba Grande é a mesma que foi montada, inicialmente, em Arraial do Cabo. Por ter ficado muito tempo sem funcionar, foi necessário fazer manutenção na parte eletrônica, que está em Santa Rosa, Curitiba. Na nova instalação, só chegou a parte pesada. Ainda, segundo Vinícius, alguns problemas estão atrasando a produção do biodiesel. A greve dos caminhoneiros foi uma delas. Mas, ele acredita que, até o fim do mês, seja inaugurada: “A nossa ideia é que a gente faça dois lançamentos: o catar óleo, que já iniciamos e o recicla Iguaba, com a coleta seletiva de materiais secos. Ganhamos a liberação para o funcionamento da usina no edital da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), em 2010 e recebemos, em 2012”, completou. Conforme informações de Vinícius Fonseca,tudo começou com o projeto “Óleo Reciclado, Pescador Beneficiado”. Na época, era estudante de logística ambiental. Inicialmente, montou uma ONG, que mesmo, com o interesse da Shell em financiar o projeto, chegaram à conclusão de que uma cooperativa se enquadraria melhor à situação. Pois assim, eles poderiam efetivar a venda do biodiesel. Em 2009, nasceu a CoopClean, com o mesmo grupo: “Quando escrevemos o projeto pra FUNASA, nós tínhamos identificado, em Arraial do Cabo, que os pescadores pagavam muito alto pelo diesel. A ideia era coletar o óleo queimado e transformar em biodiesel pra fornecer a preço de custo pra eles”, lembrou. A CoopClean fez uma amostragem do serviço de coleta seletiva, no carnaval da cidade: “A gente pretende iniciar com fôlego e com catadores, remunerados, nesse serviço”, detalhou Vinícius. O diretor executivo da CoopClean falou , também, da estrutura pessoal da cooperativa: "Uma cooperativa precisa de um regimento interno, para montar seu quadro administrativo. Para atender as necessidades a gente tem que montar um corpo. Hoje, nós temos diretor administrativo, diretor técnico, diretor de logística, diretor executivo e diretor operacional. Com esses cinco, a gente entende que se inicia o processo. Mas, independente da função, todos ganham um salário mínimo. Aqui, todos são catadores e exercem atividades diversificadas. No momento, a cooperativa está no vermelho, por não estar produzindo o suficiente pra pagar a turma",declarou. Atualmente, são 21 cooperados, que trabalham de segunda a sexta de 8h. as 5h. A sua maioria, é de mulheres e entre eles, estão: A catadora Cristiane Rodrigues, 29 anos está há quatro meses, na CoopClean. Já Marli Santos, 40 anos, estava há um ano desempregada e está gostando de trabalhar na nova função de catadora. Enquanto, a cozinheira Janaína Marinho, 45 anos, era doméstica e está há cinco meses trabalhando na cooperativa. A auxiliar administrativa Tainá Rodrigues, 19 anos tem um filho de dois anos, que fica na creche, enquanto ela trabalha. Os catadores de óleo Felipe da Silva, 24 anos e Euclides da Silva Jr. 22 anos buscam o óleo nos locais cadastrados. Normalmente, a coleta é feita em bares, lanchonetes, quiosques e restaurantes, quinzenalmente. Eles vão de carro com a motorista Aline Groppa, 44 anos, que desde dezembro trabalha na usina. Ela está gostando do trabalho, por ser inovador: “Agora, eu tenho consciência da importância do lixo”, revelou. Em abril, possivelmente, terá duas vagas. Quem tiver interesse deve procurar a secretaria de Meio Ambiente, localizada na Rodovia Amaral Peixoto, 2275,Km 97 - telefone: 22 26243275 - Ramais: 208, 221 e 224, falar com Renato Mineiro, para fazer um cadastro. É necessário levar identidade, CPF, comprovante de residência, carteira de trabalho e título de eleitor. Lá, será analisada a necessidade e  a aptidão. Os catadores avulsos que queiram vender seu material para a cooperativa, precisam se cadastrar: “Mas, a cooperativa não negocia diretamente, porque não é um ferro velho. Para isso, eles precisam se cooperar. Mas, não terão a remuneração, como os que têm convênio com a prefeitura. Terão somente, os benefícios. E assim, poderemos comprar o seu material”, informou o diretor executivo da CoopClean. Vinícius Fonseca acredita que a implantação da usina de reciclagem, no município muda a cidade em vários aspectos: “Primeiro, no aspecto ambiental; hoje, você anda por ai e vê muito lixo reciclado espalhado pelas ruas. E o segundo, é a educação ambiental; A população precisa entender que tem que separar o lixo. Uma comunidade esclarecida muda essa aparência , e melhora a qualidade de vida”,solicitou. Existe a LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos. E Vinícius abordou algumas diretrizes existentes: “A gente tem um instrumento forte dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que diz que todas as prefeituras tem que ter pelo menos 10% de coleta seletiva, prioritariamente, com cooperativa de catadores. Quando se diz prioritariamente, não é exclusivo, mas é prioritário. Então, essa ferramenta nos ajuda. Mas, sempre esbarramos em questões orçamentárias”, enfatizou. Vinícius lamenta pelo raciocínio existente entre as empresas, enfrentado pelas cooperativas de catadores: “Existe uma lógica muito perversa, que diz o seguinte: catadores não precisam ser remunerados pelo serviço que presta, por já ficarem com os recicláveis. Como se fosse uma fonte muito alta de renda. Eu já ouvi que nós queremos receber duas vezes, por vender os recicláveis. Pelo fato da gente proteger o meio ambiente e coletar o material, a gente é punido. Enquanto, as empresas que fazem a coleta de lixo. Coletam esse material, recebem e o enterram. A diferença é que nós não enterramos, a gente separa; Temos mais trabalho. Enquanto, não se entender que os catadores precisam ser pagos como qualquer outra empresa que presta esse serviço, a conta não fecha. Então, a gente fica buscando parceiros pra nos contratar, pra fazermos esse serviço”, desabafou. Ainda, segundo Vinícius, a cooperativa está em negociação com a prefeitura para fazerem, também, a coleta seletiva. E a meta é de estar com a usina de biodiesel funcionando, até o final de abril.

Parceria
Foto de Andréa Morais
No espaço cedido pela prefeitura, a CoopClean está organizando o material coletado no carnaval e o óleo.
Conforme o diretor executivo da CoopClean e o secretário de Meio Ambiente, a participação do município é a cessão do espaço de 8400m² em troca de 2mil litros de óleo por mês. Essa parceria acontece desde setembro, através de uma licitação de serviço. A CoopClean monta a usina com todo o equipamento e a prefeitura, em troca, cedeu a instalação: “Lá nós temos a parte da coleta convencional, que é administrada pela prefeitura, centralizando o serviço de coleta. Ajeitamos os galpões e a estrutura de banheiro e refeitório, para que eles tenham um ambiente confortável”,mencionou Paulo da Paz. Os funcionários são cadastrados na prefeitura e treinados pela CoopClean. De acordo com Paulo da Paz, a prefeitura está fazendo um trabalho social. A ideia é resgatar as pessoas que saíram do lixão e estão desempregadas: “A única exigência é que sejam moradores da cidade e comprovem baixa renda. Os cadastros são realizados na secretaria de Meio Ambiente, para termos o diagnóstico das pessoas”, ressaltou. Para encontrar esses cooperados foi feita uma parceria com a secretaria de Ação Social: “A gente tem que comprovar a questão da renda, ele não pode ter outra renda a não ser a da reciclagem. São pessoas cadastradas na Ação Social. E lá, eles estão vendo a possibilidade de ajudar com cesta básica”, reforçou Renato Mineiro, coordenador de fiscalização. Além, do emprego fornecido àqueles que serão cooperados; a população, que ganhará melhor qualidade de vida, por ter menos um poluidor do meio ambiente; aos geradores de óleo de cozinha queimado, que têm o seu resíduo coletado por uma empresa, sem gerar custo e a cidade, que receberá um repasse maior do ICMS Verde; tem o pescador, que comprará esse biodiesel a preço de custo. Pescador há 23 anos, Carlos de Oliveira, não sabia da novidade e gostou: “Acho boa ideia, porque a gente usa óleo reutilizado. Assim, não suja o meio ambiente. É muito boa ideia, também, porque vai dar emprego pras pessoas. Hoje, pagamos R$ 2,30 no litro e gastamos 10 reais por dia; se a gente pagar R$ 1,50 será maravilhoso”, comemorou. Enquanto, um gosta da informação outro duvida. O pescador, veterinário e dono de barco, Oscar Machado, receia que na prática, não funcione: “Essa ideia já é antiga. Só, que eu não sei se, aqui, em Iguaba vai funcionar; se funcionar, vou soltar foguetes. Vou torcer pra que essa reciclagem do óleo dê certo. Tomara que dê”, finalizou.

Coleta
Foto de Andréa Morais
Aline Groppa leva os catadores de óleo para a coleta, no carro da cooperativa
De acordo com O Prove (Programa de Reaproveitamento de Óleos Vegetais do Estado do Rio de Janeiro). Atualmente, a maior parte do óleo vegetal é despejada em ralos, contaminando o lixo comum e comprometendo as tubulações dos edifícios e das redes de tratamento de esgoto. Nas regiões onde não há rede coletora, o óleo vai diretamente para os rios e lagoas, aumentando significativamente a poluição e a degradação ambiental. Essa prática acarreta prejuízos à população, às concessionárias de saneamento e aos governos. E desde 2007 existe a Lei do ICMS Verde , a qual, beneficia os municípios do Estado do Rio de Janeiro, que investirem na preservação ambiental. O que inclui, a coleta seletiva. Assim, aumentam a sua receita, com maior repasse do ICMS Verde. Focado no assunto, o diretor executivo da CoopClean menciona essa Lei nas buscas por apoio: “O Rio de Janeiro tem instituído, o ICMS Verde, desde 2007. Esse ICMS pontua, por boas práticas ambientais. Entre elas, a redução de resíduos. A cidade que trata bem dos resíduos ganha dinheiro. A coleta seletiva pode pagar ao município, por ano,  547 mil reais. Em nenhum lugar do mundo você consegue uma aplicação, assim. Iguaba, em 2013 zerou, na questão da coleta seletiva; porém teve pontuação no destino de lixo, por fazer a coleta convencional. É importante enfatizar, que o menor passo que as prefeituras derem em função à coleta seletiva, o município ganha”,positivou. Mas, nem tudo são flores. Segundo Vinícius Fonseca, a coleta de óleo, principalmente, encontra dificuldades nos períodos de alta temporada. Quando empresas oferecem a coleta do resíduo aos grandes geradores: “No verão, sempre esbarramos em um problema com os grandes geradores: bares, restaurantes e quiosques. Pessoas passam para fazer essa coleta, em troca de produtos. E eles só passam, em alta temporada. No resto do ano deixam os geradores, desse produto, sem a coleta. Nós fazemos a coleta, também, em residências e escolas, com campanha de educação ambiental. Não devemos pagar pra quem tem um grande volume de óleo, porque eles precisam dar jeito nesse material, como consta na Política Nacional de Resíduos. Além do que, a gente tem gasto com o carro e com a equipe, porque vamos buscar, no local”, desabafou. Um dos fornecedores da CoopClean é  o carioca Gustavo Lacerda, morador de Iguaba, desde setembro e proprietário do Gula Rock Bar, ele faz a doação do óleo queimado, de seu restaurante, para a CoopClean duas vezes por mês, um volume aproximado de 25 litros: “Doo desde novembro, quando eles procuraram a empresa. Mas, não é nenhum favor, e sim uma obrigação, pela questão do meio ambiente. Existe uma lei pra todos, que na verdade, é uma questão de conscientização. Se eles não tivessem me procurado, eu iria procurá-los, porque eu acho que é um serviço essencial. Quando se fala em reciclagem e preservação é um assunto essencial.  A usina de reciclagem é um facilitador pra todos, porque fica mais fácil o acesso. Tudo que vem pra melhorar o meio ambiente e a qualidade de vida é muito bem vindo. A gente tem que incentivar esse tipo de iniciativa e apoiar todas que visem preservar o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida de todos nós. Infelizmente, nem todo mundo tem a mesma consciência. Existem empresas que têm a preocupação com o meio ambiente e outras que só visam lucro. Eu acho, que temos que colocar na balança e ver que na verdade a gente tem que sempre dar preferência pros que, realmente, dão importância. Porque tudo que estamos fazendo hoje vai refletir, vinte, trinta anos, após. Nós podemos ver com o problema da água; cuidados que a gente tinha que ter tomado no passado e hoje, a gente passa por um racionamento, porque esses cuidados não foram tomados. É uma consequência. Incentivar a usina, faz parte, até mesmo , porque essa usina gera recursos, e ajuda a economia do próprio município”,concluiu. A coleta do óleo acontece por roteiro, passando nos grandes geradores. E pra quem tiver interesse em doar o óleo de cozinha utilizado é só ligar para CoopClean: 22 2624 34 94, e marcar um dia e hora para a coleta ou levar na Rua Lafaiete Cabral, s/nº - Vila Nova: “Em breve iniciaremos a coleta de óleo, de porta em porta. Essa coleta será feita, também, nas cidades vizinhas, como: Arraial do Cabo, Búzios e São Pedro da Aldeia”,revelou Vinícius. A cooperativa está se empenhando para conseguir fazer a reciclagem, de todos os lixos. Além do óleo, considerado produto especial, quer incluir, também, o lixo seco e úmido, esse último, são os restos de comida, que servem para produzir energia. E ainda, o lixo verde, que se transforma em adubo: “A CoopClean tem como objetivo trabalhar com o orgânico. A gente só faz os secos por parceria, para impulsionar a coleta seletiva em geral; e por entender que é a menor fração dos recicláveis, o que, não resolve o problema. O projeto da CoopClean é fazer compostagem com poda, que se transforma em adubo. E geração de energia, com os restos alimentares. Assim, formamos dois grupos: cata óleo e cata sobra, que serve para gerar energia elétrica em biodigestão, alimentando o consumo do galpão. Além, da possibilidade do biofertilizante. Coletar o lixo úmido, também, resolve o problema da cidade com a economia de energia elétrica. Logo, se a cidade consegue estabelecer essa coleta; sobram 20% pra ser coletado pela coleta convencional. Já que, pesquisas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que, 30% dos resíduos secos são recicláveis e 50% são os recicláveis orgânicos” explicou. No ano passado, Vinícius buscou apoio com o vereador Leandro Coutinho e assim, conseguiu que fosse aprovada uma emenda no orçamento de 2015 para a coleta de resíduos secos. 
Foto de Andréa Morais
A cooperativa já tem mais de dois mil litros de óleo coletado
De acordo com Paulo da Paz, a secretaria deseja iniciar o quanto antes a coleta seletiva dos secos. E para agilizar, está recebendo os equipamentos da Pangea (Centro de Estudos Socioambientais. É uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil para o Interesse Público)) e enumerou algumas coisas, que precisam ser feitas antes do início, para alcançar o sucesso: “ Vamos fazer o levantamento dos bairros que produzem mais lixos, com um diagnóstico, por conta de tamanho, acesso, e quantidade de lixo, para darmos início. E ainda, iremos estipular os ecos-pontos. Além, da educação ambiental, que iniciaremos nas escolas. A previsão é que aconteça até o meio do ano”, explicou. Existem alguns ecos-pontos já inseridos pelos catadores da cooperativa, em suas residências, segundo Renato Mineiro: “Com isso, já vai inserindo a conscientização da separação do lixo, nas pessoas. O que facilitará na implementação da coleta seletiva”, acentuou. Paulo da Paz, ainda abordou a importância da participação da população: “A gente espera que a população ajude nesse trabalho. O comerciante precisa ajudar o cooperado da nossa cidade. É importante, que o trabalho seja feito pelas pessoas daqui. A cooperativa está no município fazendo a coleta seletiva o ano inteiro, não só no verão, como acontece com empresas que não têm nenhum vínculo com o município”, salientou. A prefeitura, em dezembro do ano passado assumiu a responsabilidade da coleta convencional. Segundo Paulo da Paz, um dos motivos para dar início ao serviço foi por conta da população se queixar dos horários e da prestação de serviço, e o outro, é que eles querem o diagnóstico da situação: “Assim, sabemos qual o bairro que produz maior quantidade de lixo. Hoje, eu posso desviar um caminhão para suprir as necessidades de um bairro que está gerando uma maior quantidade de lixo”, explicou. O maior problema, que a cidade enfrenta com a situação é a falta de conscientização: “A população está queimando e levando os galões. O lixo que a gente vê no chão estava dentro do galão. Mas, vamos fazer um pente fino. A guarda ambiental faz a fiscalização e outro grupo vai passar pra limpar os terrenos”, lamentou. E o lado positivo é a possibilidade de controlar gastos: “Nós temos o controle de tudo. Quanto está sendo gasto com o combustível, o controle do aterro. Assim, fica mais fácil pra prestar conta”,esclareceu. Ainda, segundo Paulo da Paz a cidade segue orientações do Plano de Saneamento Básico  : “Todas as cidades têm que se adequar em coleta seletiva. Nós estamos pensando em melhorar a qualidade de vida do município. Estamos seguindo a orientação do Plano de Saneamento Básico. Iguaba, em relação a outros municípios está crescendo, bastante. Falta às pessoas evoluírem. É muito bonito a gente ver as pessoas falarem de sustentabilidade. Mas, é muito difícil fazer. Você não consegue fazer sustentabilidade com palavras; precisa de ações. E nós estamos partindo das ações. Então, aquela pessoa que quer ajudar, venha na secretaria conversar com a gente. Como o Sr. Álvaro Alla, ele sempre vem oferecer a sua ajuda. É importante, que as outras secretarias, também entendam ,que tudo, hoje em dia, tudo, gera em torno do meio ambiente. Todas as construções precisam de licença ambiental. E por isso, fazemos muitos inimigos. Vamos acabar com o lixo da cidade? Isso é utopia. Nós vamos diminuir, sim. Nós estamos trabalhando pra isso. Estamos criando as RCC (Resíduos de Construção Civil). Precisamos de uma usina de reciclagem de construção civil. Mas, não podemos fazer um investimento deste. Porém, somos nove municípios,isso facilita a construção.Temos que ser parceiros. O que não pode, é outro município jogar lixo aqui. Já encontramos televisão, com ordem de serviço de outro município”, desabafou. Renato Mineiro somou às palavras do secretário: “A gente só faz sustentabilidade com a integração entre o poder público e a sociedade”, completou. Outro problema que a cidade enfrenta é a queimada, que está inserida na cultura local: “É uma prática antiga e errada queimar as folhas. Elas podem virar adubo ou serem colocadas dentro do saco, para que o lixeiro leve. Temos dificuldade na fiscalização, por não encontrar o gerador. Mas, é importante que saibam, que é crime ambiental. É uma pena que as mudanças só aconteçam na base da multa. Por isso, a importância da educação ambiental”, informou o secretário de Meio Ambiente. Paulo da Paz mostra humildade ao falar sobre a coleta seletiva: “Na coleta seletiva estamos aprendendo juntos. E está sendo muito bom. Hoje, a visão que tenho do lixo é bem diferente da que eu tinha, lá, em dezembro. Vejo a importância e o valor do lixo. Enxergo a importância e o valor que os meninos que trabalham na coleta de lixo dão ao trabalho deles. E vejo com muita tristeza alguns fatos isolados que eles me relatam de pessoas que desrespeitam o trabalho deles. Enquanto algumas pessoas pensarem dessa forma, fica difícil caminhar. Cada um deve fazer a sua parte”, concluiu. Outro assunto abordado, pela secretaria foi sobre as pessoas que utilizam material hospitalar, como seringas e agulhas. Esse material precisa de cuidados especiais para não causar acidentes. Segundo a coordenadora de divisão de licenciamento ambiental, Lina Volcker, recentemente aconteceu um acidente, por falta de cuidados do usuário, com o seu lixo: “As pessoas devem saber separar o lixo. Outro dia, um dos nossos rapazes foi picado por uma seringa. Ele não sabe o que tinha ali. Teve que fazer uma bateria de vacinas, para evitar um problema maior. O vidro também é perigoso. Eles usam luvas, mas não são tão grossas assim. Então, é preciso tomar cuidado com o seu lixo. O profissional que tem a sua clínica de saúde ou clínica veterinária precisa saber que existe os horários e dias estipulados para o lixo hospitalar e que os sacos são de cor diferente”, salientou. 
Futuro
Foto de Andréa Morais
Secretário de Meio Ambiente quer parar de lançar os resíduos do efluente, da estação de tratamento, na laguna

Os planos do município com o meio ambiente não param na coleta seletiva. De acordo com o secretário de meio ambiente, existem alguns projetos em andamento: “A minha preocupação, agora, é o reflorestamento. O horto está produzindo pra isso. Já temos mais de 15 mil mudas prontas. Vamos fazer a recuperação das matas ciliares, nas nascentes e nas lagoas. Além, de tentar convencer as pessoas, que têm gado, de nos ceder uma área pra fazermos corredores. Outra coisa, importantíssima, é parar de lançar os resíduos do efluente da estação de tratamento, na laguna. Já temos verba pra fazer essa transposição. Só falta a autorização das famílias, por onde vai passar. Já, que o caminho passa por dentro de algumas propriedades. Acredito que, esse ano ainda, iniciaremos. O maior problema será a licitação, porque demora um pouquinho. Assim, que conseguirmos retirar o efluente daqui. A lagoa vai clarear”, disse. Ainda, de acordo com Paulo da Paz, além, desses projetos há o Parque Municipal Guimarães, localizado no Terral, próximo a Via Lagos, que precisa cercar as unidades, colocar guarda parques, para depois ter acesso ao público. E estão aguardando a resposta do governo, para acrescentar ao PECS (Parque Estadual da Costa do Sol), as APAs (Área de Proteção Ambiental) do município. São elas: Apa das Andorinhas, localizada na chegada de Iguaba, próximo ao posto de gás, na antiga casa do cônsul e Pântano da Capivara, é o espaço em que foi feito o show de rodeio. De acordo com Lina Volcker, já estão em conversa para acrescentar essas unidades ao PEC Sol. A última reunião aconteceu, no dia 18, na Apa da Massambaba. Na qual, segundo Jeferson Moreira, Fiscal ambiental, foi solicitado à inclusão das Apa das Andorinhas e Pântano da Capivara: “A informação com o processo foi aberto e encaminhado ao Pec Sol, pela prefeitura de Iguaba. O assunto será discutido na próxima reunião, que tem a previsão de acontecer , no dia 21 de maio, em local a ser informado. 
Foto de Andréa Morais
Vinícius Fonseca, diretor executivo da CoopClean quer gerar energia elétrica com o cata sobra
Em relação ao futuro, Vinícius Fonseca busca pela realização das suas ideias e apresenta uma cadeia de mudanças na área ambiental, focado na sustentabilidade: “A ideia do Vinícius, porque ainda, não passei pra assembleia, é transformar esse espaço de 8.400m², em Cleans (Centro de Logística e Educação Ambiental em Negócios Sustentáveis) com todos os resíduos. Quero trabalhar pra alcançar o lixo zero. Coletar todo o lixo reciclável do município. Catar óleo, coco, galho e sobra. Especificamente, em Iguaba Grande, fazer, também, a coleta do seco. Catar pets, para utilizar como matéria prima, fazendo varal, vassoura, paletes e outros produtos. Acredito que estaremos produzindo tudo isso, em torno, de dois anos. Além, de iniciar a geração de energia com os orgânicos. Sei que, com uma tonelada, por dia, gero energia suficiente pra três cômodos. Se avaliarmos, que uma escola com 500 alunos gera 300 kg. Em um dia eu consigo 1t. só com a sobra do refeitório de 10 escolas. É necessária uma triagem, mas com a informação, facilita. A ideia é ter 5t. de resíduo orgânico para abastecer todo o galpão. Com a sobra de energia a gente pode vender no sistema nacional”,confidenciou. Além, de otimista e sonhador, Vinícius Fonseca é visionário, transformador e admirador do cientista Lavoisier: “Eu gosto de ver a transformação. Quando eu vi o nosso biodiesel fazer funcionar o barquinho do pescador, lá, em Arraial do Cabo... Na natureza nada se perde tudo se transforma, já dizia Lavoisier. Aqui, nada se perde tudo se transforma. Ou vira chorume e contamina tudo ou ele vira energia. A gente tem que transformar pro bem ou pro mal, é melhor transformar pro bem, né? Fica esse alerta”,sugeriu. Então, é só aguardar a inauguração da usina, para vermos de perto essa transformação do óleo utilizado na cozinha, em biodiesel e ver um barco navegar com biodiesel, da usina, de Iguaba Grande.

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