quarta-feira, 20 de abril de 2016

Conscientização do Autismo é comemorado em Iguaba Grande

 Foto Alexandre Oliveira
Palestra sobre o autismo,na Escola Municipal Ernestina Soares de Azevedo

Por Andréa Morais
Conhecido cientificamente como, Transtorno do Espectro Autista e diagnosticado como leve, moderado ou severo. As causas do autismo são desconhecidas, mas a pesquisa na área está cada vez mais intensa. Sabe-se que a genética e agentes externos desempenham um papel chave, nas causas do transtorno. No dia 02 de abril foi comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi lembrada pela escola Municipal Ernestina Soares de Azevedo, com palestra, trazendo mais informações sobre o tema para funcionários, alunos, seus pais e a comunidade, na manhã, do último sábado, dia 16 de abril. O evento Iniciou com uma caminhada, no bairro Iguaba pequena, para chamar a população, para o evento.  Segundo a Diretora da escola, Vânia Vieira, especialista em educação especial para deficiência auditiva. O primeiro encontro foi no ano passado, na gestão anterior: “A minha intenção é dar continuidade a encontros como este e ampliar, fazendo com que isso se torne mais frequente, com mais de uma vez por ano. A intenção da caminhada é para divulgar o evento, convidando a comunidade para escola, para apresentarmos a importância de conhecer o tema. E assim, podermos conviver de uma forma mais harmônica, com todas as crianças, seja ela especial ou não; e junto quebrarmos qualquer tipo de preconceito, melhorando a convivência”, revelou.  Falou ainda, sobre a importância do tema abordado: “A escola trabalha os valores, a convivência em sociedade e combate qualquer tipo de indiferença, seja ela física, mental ou social. O autismo é uma questão que deve ser trabalhada pela incidência de alunos, com Transtorno Global do Desenvolvimento, na escola”, completou. Atualmente, são nove crianças, que recebem o atendimento especializado. Para facilitar a aprendizagem e a circulação das crianças especiais, a escola se adaptou, alargando as portas; construindo rampas; instalando barras para cadeirantes, nos banheiros; montou a sala de recursos multifuncionais, com materiais didáticos, computadores e jogos; instalou placas em braile; placas antiderrapante, nos corredores; adquiriu um andador e uma cadeira especial; além, dos cursos de capacitação oferecidos pela secretaria de Educação, aos professores e monitores, que acompanham as crianças especiais. As quais têm um monitor exclusivo para cada uma delas.
Sala de Recursos
 Fotos Alexandre Oliveira
Luciana Duarte  ama as atividades na sala de recursos


Davi gosta de escrever com o lápis adaptado para ele
Para Viviane Gomes, uma das professoras do AEE (Atendimento Educacional Especializado), com o atendimento individualizado consegue trabalhar a dificuldade de cada criança, na sala de recursos multifuncionais, onde são administrados trabalhos direcionados para cada aluno: “Aqui, nós percebemos que eles se desenvolvem. O atendimento é especializado, o que faz com que a criança tenha um avanço, que não pode ser alcançado dentro da sala de aula, com uma professora que tem 20 alunos. Os nossos jogos e materiais didáticos são trabalhados e desenvolvidos para a dificuldade de cada criança. Além, de estimularmos a AVD (Atividades da Vida Diária), para que as crianças sejam autônomas e independentes”, revelou. A pedagoga Flávia Serpa Pinheiro, também professora da sala de recursos multifuncionais, no turno da manhã, é responsável por quatro alunos. Especialista em educação especial, ela trabalha, na sua especialidade, há cinco anos. De acordo com Flávia, as características apresentadas, para identificar a doença são muitas. Algumas das mais comuns são: não conseguir se desvincular da rotina; ter movimentos estereotipados e se isolar dos demais.  Quando observadas, a criança é encaminhada para o NAE (Núcleo de Atendimento a Criança Especial) do município de Iguaba Grande, para ser feito uma triagem.  No caso, de ser considerada uma criança com o Transtorno do Espectro Altista, ela é encaminhada para alguns especialistas. É preciso ser avaliada, por pelo menos, cinco profissionais, para ser diagnosticado o autismo: “O autismo é uma forma diferente de ver o mundo, não tem cura e ainda está sendo investigado. Mas, as crianças podem viver no mundo, de forma normal. Na escola temos condições de atender a qualquer especial. Estamos bem equipados e adaptamos o que não temos”, concluiu Flávia.

 Alunos especiais e mães felizes
Foto Alexandre Oliveira
Davi, na cadeira especial, em companhia das professoras,  Flávia Serpa, Viviane Gomes e da  sua monitora
A pedagoga acompanha o desenvolvimento de Davi de Oliveira, 06 anos, que tem paralisia cerebral. Para ajudar, no seu progresso, ela preparou um lápis adaptável, para ele desenhar, pintar e escrever.  Segundo a avó de Davi e responsável por ele, Aline de Oliveira, para colocá-lo na escola foi difícil, por conta da superproteção: “A APAE, que me indicou a inicialização dele na escola, há quatro anos, que ele está na escola. Está cursando o primeiro ano. Hoje, o meu maior progresso é a inclusão. Em casa, nós trabalhamos muito com música. Antes, eu não podia sair de casa, porque ele não fica e nem se alimenta com ninguém. Hoje, ele se alimenta e fica aqui. É a melhor escola de inclusão da cidade. Muito boa”, confessou.  Outra responsável, que elogia a escola é a dona de casa, Bianca Duarte, mãe da aluna, Luciana Duarte, que fará 06 anos, no dia 21 de abril. A menina tem o Transtorno do Espectro Autista. De acordo com Bianca, Luciana demorou muito para falar e mamou até os quatro anos de idade, não aceitava nenhum outro tipo de alimento e ainda, não se socializava: “Ela queria ficar sempre sozinha. Quando ela veio para escola, aos quatro anos, me explicaram que seria bom eu levá-la para o NAE para fazer uma avaliação”, lembrou. Para Bianca, a parceria da família com a escola foi possível alcançar progressos no desenvolvimento da Luciana: “Quando ela iniciou na escola, não falava, usava fralda e tomava mamadeira. Hoje, ela está se desenvolvendo normalmente. Ela acompanha a turma, no sentido de aprendizagem; ela escreve o nome, conta até 20, reconhece os números. A cada dia é um aprendizado. A escola é excelente! Ela tem uma monitora, participa de passeios. A parceria mãe e escola estão ajudando muito no desenvolvimento. Estou muito feliz, que estão construindo mais salas, e ela vai poder ficar mais um ano aqui”, comemorou.

Especialistas 
Foto Alexandre Oliveira
As palestrantes, Rosane Pinho e Viviane Frota
As palestrantes foram Rosane Pinho pedagoga e psicopedagoga da APAE de Araruama e Viviane Frota, fonoaudióloga. O tema foi apresentado para as famílias com o objetivo de orientar a melhor maneira de convivência com o autista, esclarecendo algumas dúvidas e apresentando algumas características da criança, com Transtornos do Espectro Autista e a necessidade da parceria família e escola. Rosane Pinho abordou sobre a importância de respeitar cada dificuldade e evitar comparações entre eles: “Porque às vezes o objetivo da família é querer que ele leia e escreva. Mas, o mais importante é trabalhar a independência dele para que ele possa fazer as atividades diárias de maneira independente. É importante quebrar o paradigma da família, de que ele tem que ser igual ao outro. Cada um tem a sua dificuldade. Nós temos cinco sentidos. O profissional vai utilizar o que ele tem para oferecer, para que possa trabalhar com ele, desenvolvendo o máximo possível. É preciso utilizar de atividades lúdicas para ensinar a escrever, as cores, etc.”, explanou Rosane. Já Viviane, Explicou sobre a diferença entre a fala e a linguagem: “No caso, do autista, ele tem a dificuldade de externar o que ele pensa. É frequente dizer que ele não fala por ser surdo. Na verdade, ele não é surdo. A fala são os movimentos pelos órgãos fonoarticulatórios, e a linguagem é o que a gente precisa externar. O autista tem esta dificuldade de externar o que ele pensa”, esclareceu Viviane. Rosane, ainda falou, sobre as características mais comuns apresentadas pelos autistas: “Uma das características é observada ao amamentar; as crianças autistas não olham, olho no olho; têm dificuldade de se relacionar com pares da mesma idade, brinca ou usa brinquedos de forma incomum, entre outras. E para ser diagnosticado, o médico precisa encontrar ao menos seis características, para fazer o encaminhamento aos especialistas”, finalizou. Os pais presentes puderam conversar com as palestrantes, no final, de maneira individual e reservada. A Prefeitura de Iguaba Grande comemora a conscientização do autismo, também, no próximo dia 28 de abril, com o III Seminário de Educação Especial de Iguaba Grande “Autismo: Construa um Laço de Amor” no auditório da SEMEC, de 8h. às 12h. Evento direcionado à profissionais da área.


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