Foto Alexandre Oliveira
Palestra sobre o autismo,na Escola Municipal Ernestina Soares de Azevedo |
Por Andréa Morais
Conhecido cientificamente como,
Transtorno do Espectro Autista e diagnosticado como leve, moderado ou severo.
As causas do autismo são desconhecidas, mas a pesquisa na área está cada vez
mais intensa. Sabe-se que a genética e agentes externos desempenham um papel
chave, nas causas do transtorno. No dia 02 de abril foi comemorado o Dia
Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi lembrada pela escola
Municipal Ernestina Soares de Azevedo, com palestra, trazendo mais informações
sobre o tema para funcionários, alunos, seus pais e a comunidade, na manhã, do
último sábado, dia 16 de abril. O evento Iniciou com uma caminhada, no bairro
Iguaba pequena, para chamar a população, para o evento. Segundo a Diretora da escola, Vânia Vieira, especialista
em educação especial para deficiência auditiva. O primeiro encontro foi no ano
passado, na gestão anterior: “A minha intenção é dar continuidade a encontros
como este e ampliar, fazendo com que isso se torne mais frequente, com mais de
uma vez por ano. A intenção da caminhada é para divulgar o evento, convidando a
comunidade para escola, para apresentarmos a importância de conhecer o tema. E
assim, podermos conviver de uma forma mais harmônica, com todas as crianças, seja
ela especial ou não; e junto quebrarmos qualquer tipo de preconceito,
melhorando a convivência”, revelou. Falou ainda, sobre a importância do tema
abordado: “A escola trabalha os valores, a convivência em sociedade e combate
qualquer tipo de indiferença, seja ela física, mental ou social. O autismo é
uma questão que deve ser trabalhada pela incidência de alunos, com Transtorno Global
do Desenvolvimento, na escola”, completou. Atualmente, são nove crianças, que
recebem o atendimento especializado. Para facilitar a aprendizagem e a
circulação das crianças especiais, a escola se adaptou, alargando as portas;
construindo rampas; instalando barras para cadeirantes, nos banheiros; montou a
sala de recursos multifuncionais, com materiais didáticos, computadores e
jogos; instalou placas em braile; placas antiderrapante, nos corredores;
adquiriu um andador e uma cadeira especial; além, dos cursos de capacitação
oferecidos pela secretaria de Educação, aos professores e monitores, que acompanham
as crianças especiais. As quais têm um monitor exclusivo para cada uma delas.
Fotos Alexandre Oliveira
Luciana Duarte ama as atividades na sala de recursos |
Davi gosta de escrever com o lápis adaptado para ele |
Para Viviane Gomes, uma das
professoras do AEE (Atendimento Educacional Especializado), com o atendimento
individualizado consegue trabalhar a dificuldade de cada criança, na sala de
recursos multifuncionais, onde são administrados trabalhos direcionados para
cada aluno: “Aqui, nós percebemos que eles se desenvolvem. O atendimento é
especializado, o que faz com que a criança tenha um avanço, que não pode ser
alcançado dentro da sala de aula, com uma professora que tem 20 alunos. Os
nossos jogos e materiais didáticos são trabalhados e desenvolvidos para a
dificuldade de cada criança. Além, de estimularmos a AVD (Atividades da Vida
Diária), para que as crianças sejam autônomas e independentes”, revelou. A
pedagoga Flávia Serpa Pinheiro, também professora da sala de recursos
multifuncionais, no turno da manhã, é responsável por quatro alunos. Especialista
em educação especial, ela trabalha, na sua especialidade, há cinco anos. De
acordo com Flávia, as características apresentadas, para identificar a doença são
muitas. Algumas das mais comuns são: não conseguir se desvincular da rotina;
ter movimentos estereotipados e se isolar dos demais. Quando observadas, a criança é encaminhada
para o NAE (Núcleo de Atendimento a Criança Especial) do município de Iguaba
Grande, para ser feito uma triagem. No
caso, de ser considerada uma criança com o Transtorno do Espectro Altista, ela
é encaminhada para alguns especialistas. É preciso ser avaliada, por pelo menos,
cinco profissionais, para ser diagnosticado o autismo: “O autismo é uma forma
diferente de ver o mundo, não tem cura e ainda está sendo investigado. Mas, as
crianças podem viver no mundo, de forma normal. Na escola temos condições de
atender a qualquer especial. Estamos bem equipados e adaptamos o que não temos”,
concluiu Flávia.
Davi, na cadeira especial, em companhia das professoras, Flávia Serpa, Viviane Gomes e da sua monitora |
A pedagoga acompanha o
desenvolvimento de Davi de Oliveira, 06 anos, que tem paralisia cerebral. Para
ajudar, no seu progresso, ela preparou um lápis adaptável, para ele desenhar,
pintar e escrever. Segundo a avó de Davi
e responsável por ele, Aline de Oliveira, para colocá-lo na escola foi difícil,
por conta da superproteção: “A APAE, que me indicou a inicialização dele na
escola, há quatro anos, que ele está na escola. Está cursando o primeiro ano.
Hoje, o meu maior progresso é a inclusão. Em casa, nós trabalhamos muito com
música. Antes, eu não podia sair de casa, porque ele não fica e nem se alimenta
com ninguém. Hoje, ele se alimenta e fica aqui. É a melhor escola de inclusão
da cidade. Muito boa”, confessou. Outra
responsável, que elogia a escola é a dona de casa, Bianca Duarte, mãe da aluna,
Luciana Duarte, que fará 06 anos, no dia 21 de abril. A menina tem o Transtorno
do Espectro Autista. De acordo com Bianca, Luciana demorou muito para falar e
mamou até os quatro anos de idade, não aceitava nenhum outro tipo de alimento e
ainda, não se socializava: “Ela queria ficar sempre sozinha. Quando ela veio para
escola, aos quatro anos, me explicaram que seria bom eu levá-la para o NAE para
fazer uma avaliação”, lembrou. Para Bianca, a parceria da família com a escola
foi possível alcançar progressos no desenvolvimento da Luciana: “Quando ela
iniciou na escola, não falava, usava fralda e tomava mamadeira. Hoje, ela está
se desenvolvendo normalmente. Ela acompanha a turma, no sentido de
aprendizagem; ela escreve o nome, conta até 20, reconhece os números. A cada
dia é um aprendizado. A escola é excelente! Ela tem uma monitora, participa de
passeios. A parceria mãe e escola estão ajudando muito no desenvolvimento. Estou
muito feliz, que estão construindo mais salas, e ela vai poder ficar mais um
ano aqui”, comemorou.
Especialistas
Foto Alexandre Oliveira
As palestrantes, Rosane Pinho e Viviane Frota |
As palestrantes foram Rosane
Pinho pedagoga e psicopedagoga da APAE de Araruama e Viviane Frota,
fonoaudióloga. O tema foi apresentado para as famílias com o objetivo de
orientar a melhor maneira de convivência com o autista, esclarecendo algumas
dúvidas e apresentando algumas características da criança, com Transtornos do
Espectro Autista e a necessidade da parceria família e escola. Rosane Pinho
abordou sobre a importância de respeitar cada dificuldade e evitar comparações
entre eles: “Porque às vezes o objetivo da família é querer que ele leia e
escreva. Mas, o mais importante é trabalhar a independência dele para que ele
possa fazer as atividades diárias de maneira independente. É importante quebrar
o paradigma da família, de que ele tem que ser igual ao outro. Cada um tem a
sua dificuldade. Nós temos cinco sentidos. O profissional vai utilizar o que
ele tem para oferecer, para que possa trabalhar com ele, desenvolvendo o máximo
possível. É preciso utilizar de atividades lúdicas para ensinar a escrever, as
cores, etc.”, explanou Rosane. Já Viviane, Explicou sobre a diferença entre a
fala e a linguagem: “No caso, do autista, ele tem a dificuldade de externar o
que ele pensa. É frequente dizer que ele não fala por ser surdo. Na verdade,
ele não é surdo. A fala são os movimentos pelos órgãos fonoarticulatórios, e a
linguagem é o que a gente precisa externar. O autista tem esta dificuldade de
externar o que ele pensa”, esclareceu Viviane. Rosane, ainda falou, sobre as
características mais comuns apresentadas pelos autistas: “Uma das
características é observada ao amamentar; as crianças autistas não olham, olho
no olho; têm dificuldade de se relacionar com pares da mesma idade, brinca ou
usa brinquedos de forma incomum, entre outras. E para ser diagnosticado, o
médico precisa encontrar ao menos seis características, para fazer o
encaminhamento aos especialistas”, finalizou. Os pais presentes puderam
conversar com as palestrantes, no final, de maneira individual e reservada. A
Prefeitura de Iguaba Grande comemora a conscientização do autismo, também, no
próximo dia 28 de abril, com o III Seminário de Educação Especial de Iguaba
Grande “Autismo: Construa um Laço de Amor” no auditório da SEMEC, de 8h. às
12h. Evento direcionado à profissionais da área.
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